Críticas

Crítica – Aquaman II: O Reino Perdido

Vibe de fim de festa, cerveja no chão, decoração rasgada… foi assim que me senti assistindo a “Aquaman II: o Reino Perdido”. O DCEU foi precocemente eutanasiado (existe essa palavra?) por James Gunn, sedento para anunciar a sua “Nova DC”, e isso impactou negativamente um universo que, de fato, nunca se estabeleceu.

“Aquaman II” é uma continuação direta do primeiro filme, sem qualquer ligação com os demais heróis da DC. Ele mostra o retorno do Arraia Negra, mais forte e mais vingativo, em busca de um poder capaz de derrotar o rei de Atlântida, Arthur Curry. Paralelo a isso, vemos a família de Curry, agora com um bebezinho (a mãe Mera pouco aparece), e Arthur tendo que lidar com as dificuldades de seu novo emprego como rei. Porém, com a ameaça do Arraia, ele terá de buscar um aliado improvável: Orm, seu irmão, que foi aprisionado por ele mesmo.

Uma pauta importantíssima, mas desperdiçada em “Aquaman II” é a questão climática: aquecimento global, intoxicação e afins. Já faz algum tempo que estamos sofrendo na pele as consequências do descaso com a natureza, e o filme traz algumas pinceladas a respeito. Talvez se fosse uma obra melhor construída, essas discussões poderiam ser melhor exploradas. Não vejo um personagem melhor que o Aquaman para abordar isso.

Esteticamente, o filme é tão bonito quanto o primeiro, James Wan sabe trabalhar bem as cores e texturas. Entretanto, algumas similaridades com obras clássicas, como Thor e Star Wars, soam mais como caricatura do que inspiração. Lá pelas tantas aparece uma espécie de Jabba aquático e até uma cantina com música. Além, é claro, da relação conturbada entre Arthur e Orm, que em muito se espelha em Thor e Loki. Também chama a atenção o quanto a Mera, personagem de Amber Heard, foi escondida da escassa promoção do filme. Na CCXP foram exibidas algumas cenas, e ela não aparecia em nenhuma. Inclusive arrisco-me a dizer que ela foi apagada digitalmente na cena do Arthur no trono que vi na Convenção. Tudo bem que a principal relação retratada no filme é entre Arthur e Orm, mas ficou esquisito.

Quanto às atuações, Patrick Wilson dá uma surra no resto do elenco. Momoa está como sempre, segurando no carisma e fazendo momoices, e sinceramente isso pra mim é suficiente. A trama é meio bagunçada, acredito que por conta das refilmagens e pela extinção do DCEU. Foi um final meio abrupto, apressado, um corte seco. Esse Universo poderia ter sido muito mais interessante, pena que foi mal executado.

Diferente da opinião da maioria, não achei “Aquaman II” uma tragédia, talvez até por conta da minha baixa expectativa. Ele é melhor que Adão Negro, por exemplo. Mas infelizmente teve a tarefa ingrata de fechar o caixão depois da morte precoce do Universo DC nos cinemas como o conhecemos. Que o próximo tenha melhor sorte, ainda que eu não acredite muito nisso.

Nota: 7,0