Críticas

Crítica: Besouro Azul

Desde o anúncio da participação de Bruna Marquezine em Besouro Azul, há uma torcida para que esse filme desse certo. Aliado a isso, temos Xolo Maridueña como protagonista, que também conta com o apoio do fandom de Cobra Kai. Vivemos um período de incertezas desde a chegada do James Gunn para a reformulação do Universo DC nos cinemas, pois não sabemos se vão, se ficam, quem vai, quem foi. Ainda que o próprio James Gunn tenha afirmado que Besouro Azul faz parte desta nova fase, sabemos que isso só se concretizará se o filme for bem nas bilheterias, o que é uma tarefa difícil, pois além de ser um super-herói pouco conhecido, a greve dos roteiristas e dos atores em Hollywood afetou a sua divulgação.

Besouro Azul nos apresenta a história de James Reyes, um rapaz de origem mexicana, que é o primeiro de sua família, que vive na fictícia cidade de Palmeira City, a chegar a Universidade, família essa que está enfrentando diversos problemas, e que por um acaso da vida entra em contato com o escaravelho e ganha superpoderes. Esses poderes são uma mistura de Homem de Ferro com Venom, nada que já não tenhamos visto, até porquê depois de tantos anos de filmes e histórias em quadrinhos de super-heróis, realmente é difícil ver algo inédito. Mas o que é inédito aqui é a representatividade: James é latino, e todo o filme tem esse tom, ainda que às vezes soe um tanto exagerado. Também há um subtexto interessante sobre o imperialismo, a forma como os Estados Unidos trata os demais países, algo meio surpreendente, ainda que seja sutil e possa até passar despercebido pelos desavisados.

Vale lembrar que é um filme de origem, portanto é meio repetitivo e genérico, mas é honesto consigo mesmo e é contido, funciona em seu próprio universo sem depender de ligações com outros heróis. Nem sempre o humor funciona, e me proporcionou mais sorrisos e gargalhadas. A fotografia, toda trabalhava em tons de roxo e azul, traz identidade à obra, mas a trilha sonora escolhida, em dados momentos, não é compatível com as cenas. O CGI, ainda que não seja um primor, é melhorzinho do que os últimos três filmes da DC (Adão Negro, Shazam – Fúria dos Deuses e Flash), o que surpreende porque o seu orçamento foi menor, e a trama, apesar de simples, se sustenta no carisma dos protagonistas Xolo e Bruna. Ao mesmo tempo, é um tanto bizarro ter uma atriz do pedigree de Susan Sarandon como vilã, mas que não funciona muito bem.

No final das contas, o saldo de Besouro Azul é positivo. Não esperava muita coisa, e recebi um filme bonitinho com dois protagonistas pelos quais tenho carinho. Um filme, aliás, que funciona melhor do que os três últimos lançados pela DC, pois não é megalomaníaco, ele traça um caminho curto e chega até o seu final. Gostaria de ver mais histórias de James e Jenny nas telonas, e uma das cenas pós créditos deixa uma porta aberta para isso. Resta saber se o filme conseguirá uma arrecadação que se considere interessante para fazer uma continuação. Espero, de coração, que o James Gunn não descarte esse universo de Palmeira City, pois eu gostaria de voltar pra lá.

Nota: 8,0